Antivírus para cérebro, alguém tem?

A era digital veio pra ficar. Ok, isso não é novidade. Os processos tecnológicos, cada vez mais avançados, possibilitam uma gama enorme de comodidades para o nosso dia a dia. E nós, como seres adaptáveis que somos, facilmente nos acostumamos a esses novos recursos a tal ponto de nem nos lembrarmos como era a vida antes delas existirem. Viver sem celular? Sem internet? Sem Google? Era possível? Pois é… Difícil de acreditar, mas era.

E nem é preciso voltar muito no tempo. Em apenas 30 anos, fomos do orelhão (oi?) ao aparelho de celular que faz chamada de vídeo, manda mensagem e ainda funciona como computador pessoal, câmera de foto e vídeo. Tudo com excelente qualidade. A infinidade de emojis, stickers e gifs é capaz de conquistar até o maior dos saudosistas do romantismo das cartas. O objetivo deste texto, no entanto, não é promover a nostalgia ou enfatizar o fim da era analógica, mas fazer um alerta sobre os impactos que tanta tecnologia pode trazer no futuro. Ratifico: já está trazendo.

Junto com a era digital, veio a era dos dados. Os dados, inclusive, já são considerados o ‘novo petróleo’ da idade moderna, tamanho o seu valor. Diferente do petróleo, que é um recurso natural escasso e infinito, os dados, por sua vez, se proliferam a cada instante. Para se ter uma ideia, só nos últimos dois anos se produziu um volume de dados maior do que a quantidade produzida em toda a história da humanidade. Pode soar contraditório, mas, neste caso, não é a quantidade de recursos que faz a diferença, mas a forma que é utilizado. E por quem.

Todos nós alimentamos essa indústria de dados diariamente. Através das mensagens que trocamos, lojas e produtos que compramos e publicações nas redes sociais, por exemplo, é possível traçar um perfil de estilo de vida e hábitos de consumo com exatidão. Numa sociedade capitalista com a concorrência cada vez mais acirrada, informações como esta valem ouro (ou petróleo). A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), tem como objetivo justamente barrar o uso indiscriminado de informações de usuários sem o seu consentimento. Mas e quando esses dados, tão preciosos, puderem ser obtidos diretamente da fonte? No cérebro das pessoas?

Pode parecer enredo de filme de ficção científica, mas hoje já se fala em cérebros hackeados, alterados e até em download de cérebros! Segundo Ray Kurzweil, diretor de engenharia do Google, lá por 2045, poderemos fazer o upload completo do nosso cérebro e nos tornar digitalmente imortais. Eu sei, parece loucura, mas mais louco ainda é pensar que, num futuro nem tão distante assim, precisaremos nos preocupar em adquirir um pacote antivírus ou um sistema de proteção anti-hackers para o nosso cérebro.

Seguindo por essa lógica: seu cérebro está lá, salvo num computador. Ali estão todos os seus insights e ideias mais brilhantes de toda a sua vida, mesmo que não as tenha colocado em prática. Aí, de repente, vem alguém com um pen drive e simplesmente leva suas ideias literalmente no bolso. E, diferente de você, transforma a teoria em prática. Claro, a essa altura, imagino que nem se usará mais pen drives, mas o exemplo funciona para ilustrar a cena.

Como provar quem foi o autor de uma ideia original? Quem pensou ou quem executou? Bom, certamente este é apenas um de uma série de questionamentos com os quais iremos nos confrontar… Até lá, espero que se descubra um sistema eficiente de patentes ou de IP de pensamentos. Ou quem sabe então uma máquina do tempo, para não ter que lidar com tudo isso…

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